Wednesday, October 05, 2005

2.2. Vertentes do jornalismo gonzo no brasil

2.2.2. Revista O Cruzeiro e Jornal da Tarde

Em seu livro intitulado "O que é jornalismo?", Clóvis Rossi questiona a padronização dos textos e a buracratização dos profissionais de Jornalismo. Ele dá exemplos de publicações bem-sucedidas que preferiram deixar margem à criatividade e ao estilo pessoal de seus jornalistas. Nos anos 50, a extinta revista O Cruzeiro chegou a atingir a tiragem de 800 mil exemplares. Tal patamar só foi alcançado nos anos 80 pela revista Veja. Mas, como a população brasileira passou por um boom demográfico no meio-tempo, o recorde de O Cruzeiro continua de pé.
A revista não seguia padrões rígidos, apoiando-se na boa qualidade de seu cortpo de repórteres e fotógrafos. A revista Veja serve como exemplo do extremo oposto. É uma publicação de sucesso, mas segue uma padronização tão rigorosa que procura dar a impressão de que é escrita pela mesma pessoa da primeira à última linha.
Há, portanto, modelos a serem citados, tanto para defender a padronização absoluta como para condená-la absolutamente. mas o êxito alcanado pelo vespertino Jornal da Tarde, na época de seu lançamento, em 1966, traz o fiel da balança para o lado da não-padronização. O JT alcançou picos de tiragem e mantém, até hoje, uma boa vendagem exatamente porque rompeu com as normas de estilo então vigentes.
A redação deu ênfase ao lado humano, procurando, em cada reportagem, enfocar mais os homens e mulheres responsáveis por um determinado acontecimento do que o fato propriamente dito. Nessa busca pelo humano, cometeu alguns pecados graves de informação. Como exemplo, Clóvis Rossi lembra uma experiência que remete diretamente ao clássico gonzo de Hunter S. Thompson, Medo e delírio em Las Vegas: "Certa vez, dedicou-se largo espaço a uma corrida de automóveis, falando do público, dos personagens e do espetáculo, sem informar, entretanto, quem vencera a corrida."

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